Hoje eu gostaria de compartilhar um poema de Carlos Queiroz Telles que eu gostava muito quando criança. Constava em um livro de Língua Portuguesa que eu havia ganhado de alguém. Não me recordo o nome do livro e nem de quem o ganhei, mas sou perfeitamente capaz de recordar-me os sentimentos experimentados ao reler e reler este poema.
É um prazer compartilhá-lo.
Drama
Eu sei que ela é como eu.
Afinal, a gente se conhece
desde o dia em que nasceu.
Pai vizinho, mãe comadre,
mesma rua, mesma infância,
mesma turma , mesma escola.
Eu sei que ela é como eu.
Brinquedos e jogos iguais,
passeios de bicicleta,
aventuras de quarteirão .
Repartidas descobertas,
segredos a quatro mãos.
Eu sei que ela é como eu
E sei também, por saber
de ideia e de coração,
que por mais que ela disfarce
gosta de mim pra valer,
não só como irmã ou como amiga .
Então por que (eu pergunto)
faz de conta não querer
ser minha namorada?
Sendo assim tão como eu
não é justo me trocar
por um idiota grandão,
só porque eu não sou mais velho
do que a nossa emoção.