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sábado, 20 de novembro de 2021

CONSCIÊNCIA NEGRA


 

O dia de hoje, Dia da Consciência Negra, me faz pensar, dentre tantos temas, sobre meu papel de educadora. Na verdade, tenho pensado sobre isso desde que adentrei o primeiro ciclo do Ensino Fundamental, quando as crianças estão em formação em todos os aspectos da vida: intelectual, social, cidadã etc.

E, em uma aula dessas, falando exatamente sobre Consciência Negra, um aluninho de 7 anos disse: "Eu não tenho preconceito. O 'Alex' é negro e eu sou amigo dele". Ali, eu vi o quanto o "Alex" ficou desconfortável com a afirmativa. Sim: eles são melhores amigos! Contudo, nesse momento, eu presenciei a reprodução do racismo estrutural. Obviamente, pensemos, amigos, uma criança, nesta fase da vida, não é capaz de formar tais opiniões, especialmente, as racistas. Ela tão somente reproduz o que aprende.

O racismo existe! É fato. E a data de hoje deve servir de reflexão para todos, como sociedade, de maneiras de acabar com a segregação racial que se replica em nossas casas, em nossas escolas, em nossos trabalhos, no cotidiano, incessantemente. Não é apenas nos jornais que acontece, com pessoas desconhecidas, o que, por si só, já deveria nos alarmar e nos motivar a fazer algo para mudar essa realidade escancarada; mas, para além disso, o racismo acontece no cotidiano das pessoas que conhecemos, que amamos, todavia, ainda fechamos os olhos.

Pensemos, como sociedade, se estamos sendo reprodutores de racismo. E, como educadores - que todos somos, não apenas os graduados -, o que estamos ensinando às futuras gerações.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

EU ODEIO COMEÇOS

Eu odeio começos! 

Começos de filmes, quão enfadonhos são! Aquele começo chato musical, suspense, quem são os personagens? Quais seus nomes? Onde moram? Qual a história? Eu odeio os primeiros 20 ou 30 minutos de filme. Mas, quando começa a entrar na história... Ah! Como eu amo a história que se desenha, que se avizinha, que se desvenda!

Eu odeio começos!
Começos de conversas, quão enfadonhas são! Hoje está tão calor... Mas, diz o jornal que vai chover no fim de semana... Eu nem gosto de chuva, mas está precisando. Como são chatos os começos de conversa, especialmente, com estranhos, em ubers, em filas. Filas já são tão enfadonhas... Início de conversa com estranho em fila então! E, quando a conversa está ficando interessante, que começamos a conversar intimamente sobre uma série ou livro ou término de relacionamento: SENHA BNH382. Até logo, caro novo amigo que, com sorte, nunca mais verei.

Eu odeio começos!
Começos de escritas, quão desmotivantes são! Não tenho a ideia... Tenho a ideia, mas não sei como começar... Tenho o começo, mas não sei a próxima linha... E assim vai até umas três ou quatro tentativas de ideias, de inícios. Até que a história emenda, o poema rima e tudo flui. Sim, gostei do final!

Eu odeio começos!
Começos em trabalhos... nova vida, nova profissão, quão desimpolgantes são! Conheça fulano, este é cicrano, este departamento te ajudará nisso... não é desse jeito e nem desse outro... tente assim... não saia... não entre... não chegue cedo... não chegue tarde... não vá embora... você ainda está aqui? Mas, quando já conhecemos as pessoas e os procedimentos, que satisfação é cumprir nossa missão!

Eu odeio começos!
Começos de canções desconhecidas, quão chatas são! A avidez por conhecer... Como será o refrão? Do que fala a música? Qual a parte mais gostarei? Por isso, prefiro as musicas as quais já conheço os começos de cor, que já são uma extensão da minha vida, da minha alma!

Eu odeio começos! 


Mas, de todos os começos, os que mais odeio são os começos de amores. E quão enfadonhos são! Devo ligar ou não? Posso procurar ou não? Devo dizer isso ou não? Esse assunto é bom para essa fase ou não? Devo contar este segredo ou não? Devo falar do meu ex? NÃO! Dos meus sonhos e projetos? NÃO! Pode assustá-lo! 

Ah! Começos de amores, quão enfadonhos são! Por isso, atrevo-me a pensar, que não há mais espaço em minha vida para novo amor, nem para velho amor, nem para amor nenhum. Minha alma é poética, e escreve para alguém imaginário, que nunca existirá. É bom amar de mentira! Mas, meu cérebro é racional, e ele me domina. E como odeia inícios, decidiu que é melhor viver no conforto e na paz de não amar ninguém. 

E, viva a liberdade de não precisar viver de eternos começos!

Maíra Vanessa

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Uma paixão recolhida, uma Carta e Oswaldo Montenegro no Programa do Jô


Encontrei a seguinte mensagem/carta/reflexão - que eu mandaria ou mandei para alguém - em meio aos meus escritos. 

É interessante a gente revisitar nossa história e ler nossos sentimentos com olhar de expectador.

O texto é de 2011. São exatos 10 anos! E como eu mudei! E como tudo mudou!

No fim, fica uma pergunta: o que resta em mim da garota de 10 anos atrás?

O que resta em você do que você foi um dia? Revisite suas histórias!

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DE 2011

Antes de ontem eu fui à missa e na comunhão cantaram a música que você sempre pede para cantarmos:  A Barca. 

Ontem, tive uma surpresa ao ver você tocando na missa, não porque você estava tocando, mas porque cada nota, cada acorde que você tocava, tocavam minha alma como eu nunca havia sido tocada. 

E hoje, durante a madrugada, eu lutava comigo mesma para dormir e não conseguia. Então, ao invés de ir para o PC, liguei a TV (1:26) e estava passando o Programa do Jô. E quem estava sendo entrevistado? Oswaldo Montenegro, que você tanto ama. E ele cantou, magnificamente, uma música que eu nunca havia escutado: A Lista. 

E o que me chamou mais a atenção foi o seguinte verso:  “Quantos amigos você jogou fora?”

Eu havia tomado a decisão de me afastar de você, por muitos motivos, mas, principalmente, por sábado. É difícil fazer isso quando a gente é bem próxima de uma pessoa e conhece gostos e desgostos, porque, querendo ou não, uma música, uma cena ou uma circunstância nos faz lembrar da pessoa. 

E foi isso o que aconteceu nos últimos dias: uma porção de coincidências imbecis, mas que me fizeram ver que um dia não pode mudar uma história. 

Bem... O que quero dizer é que você pode não se importar, e eu sei que para você tanto faz, mas eu me importo. 

E posso ser imatura, impulsiva e algumas vezes até mal educada, fazendo coisas ou dizendo coisas e não medindo as consequências... Infelizmente, eu não sou perfeita e não sei fingir que estou bem quando não estou, eu não sei ignorar grosserias (e você foi até um pouco estúpido comigo) e eu não sei levar desaforo para casa. 

Mas, eu sei reconhecer quando erro. Talvez esse tanto de palavras não façam sentido para você... não signifiquem nada. Eu sei que isso tudo não significa nada para você. Mas, significa para mim. Talvez você me ache uma boba. Pode me achar. Eu estou me sentindo assim.  Mas, eu vivo num mundo paralelo onde poucas pessoas conseguem me encontrar. 

Tem momentos que eu acho que você está me encontrando,  afinal, “somos tão iguais”. Mas, de algum modo, parece que você anda vendo apenas o pior em mim. “A culpa é toda sua e nunca foi”.  Se nada fizer sentido, tudo bem. O importante aqui é que quero dizer que, mesmo você não se importando, eu me importo com você. E, por enquanto, isso basta!


Maira Vanessa



*"A Lista" está aos 20 minutos de vídeo.



quarta-feira, 20 de outubro de 2021

ALGUÉM

"Se quando um certo alguém

Desperta o sentimento

É melhor não resistir

E se entregar"



Hoje acordei pensando em como queria estar com alguém. Não o alguém etéreo, o alguém ideia, o alguém platônico, mas o alguém real, tangível, palpável.

Eu gosto tanto de estar sozinha! Sempre gostei da minha companhia, de ouvir as músicas que gosto sem ter que pular a favorita porque alguém não gosta; de ver meus filmes preferidos, sem ter que escolher outros, porque os romances não são os preferidos de alguém; de ver minhas novelas favoritas, sem ter que escolher outro programa, só porque alguém não gosta de novelas; de ler meus livros quando quero, porque quando se está com alguém parece impossível passar para a página seguinte.

Eu gosto tanto de estar sozinha! De sair com minhas amigas, ou amigos, quando me é conveniente. De flertar com os caras que me são atraentes. De beijar os que valem a pena. De dizer sim quando quero e não quando me convém, não por lealdade, não por fidelidade, mas por vontade.

Eu gosto tanto de estar sozinha! De me planejar sozinha, de me sentir sozinha, de me ver sozinha. De ver um futuro só meu, que quem decide sou apenas eu, quem tem o controle e organiza e manda sou eu, simplesmente, sem ter que pedir a opinião de ninguém. 

Eu gosto tanto de estar sozinha! De gastar meu dinheiro como quero, sem ouvir bobagens de alguém: “Dior? Não tem creme mais barato? Outra roupa? As suas estão novas! Mais sapato? Os que têm não são o bastante? Pra que tantos óculos de sol?” “O dinheiro é meu. Gasto como quiser!”

Eu gosto tanto de estar sozinha...

Mas, quando o alguém é real, quebra nossas pernas. Minha própria companhia já não é o suficiente. Minhas músicas e filmes e novelas e livros... Será que são tão importantes? Minhas amigas, ou amigos, marcam de sair, mas... tenho algo (alguém) mais importante! Flertes, ficar, caras? Do que você está falando? Sou fiel por escolha! E passo a planejar, me organizar, a controlar a vida a partir de uma nova perspectiva, de uma nova opinião. Meu dinheiro? Continua sendo meu! Gasto para ficar mais bonita para alguém!

Hoje acordei pensando em como queria estar com alguém: aquele alguém real, tangível, palpável, que tem nome, endereço e smartphone.




domingo, 26 de maio de 2013

Eu Paradoxo






De repente, temos a sensação de ter feito o certo, de ter invadido na hora exata, de ter falado palavras precisas. Mesmo quando o resultado não é o desejado, quando não corresponde às nossas expectativas, a sensação do dever cumprido é aliviadora. 

Eu sei que não guardei o que eu tinha que dizer. Eu apenas disse. E daí se não deu certo? E se desse? Eu não tenho medo nem de “sim”, nem de “não”. Quanto mais do silêncio! 

Eu sou o silêncio! Aquele que verte-se em palavras na hora exata!

Eu sou as palavras exprimidas em meio às dores da alma, que acalmam quando pronunciadas.

Eu sou um coração repleto de esperanças de uma vida melhor. 

Eu sou uma nova vida, querendo ser vivida a plenos pulmões.

Eu sou o hoje, o agora! Mas também sou o amanhã.

Eu sou a dor aliviada, eu sou o amor que não deu certo. E sou o que dará.

Eu era agonia. Agora sou expressão.

Fui decepção. Agora sou cheia de futuro.

Sou um misto de “que pena que não deu certo!” com “quem é que conhece o amanhã?”.

Eu sou os meus muitos defeitos, mas também sou perfeição.

Eu sou aprendizagem e sei que o mundo dá voltas. Se eu fui palavras, agora sou silêncio, até poder me tornar em sons outra vez. Quem sabe música, quem sabe poema, quem sabe confissões?

E no silêncio eu canto, eu rio, eu choro, eu rezo, eu simplesmente espero. 

Sei que nada é definitivo. Não existe "para sempre", assim como não existe "nunca". As coisas mudam, assim como eu mudo, porque, sim, eu sou uma metamorfose ambulante. E é assim que eu prefiro ser.

Mas, eu não sou mentira. Eu sou verdade. Sou sentimento e sentimento bem real. Se vivido, eu sou um sentimento palpável, demonstrável, concreto. Não sou ilusão. Eu sei o que eu quero, sei o que eu posso e sei quando não vai dar.

Eu também sou expectativa, porque sei que o que é decepção pode tornar-se em esperança, e o que é saudade, em presença!

Eu sou presença de um Deus imenso que não me deixa cair, quando o mundo desaba. 

Eu sou um paradoxo.


quinta-feira, 16 de maio de 2013

Coisas que ficam no vão



Talvez algum dia a gente olhe para trás e ria de tudo. Talvez, e mais provavelmente, eu ria de tudo sozinha. 


Talvez eu ria das vezes que esperei por você e você não apareceu. Das vezes que me elogiou para em seguida me criticar. E das vezes que só me criticou.


Talvez eu ria das vezes que pedi sua ajuda e você me disse "não", comedidamente, mas foram “nãos”. E das vezes que você precisou de mim e eu disse "sim", efusivamente "sim".


Talvez eu ria das vezes que te convidei para um programinha qualquer, só para te ver, e você nem se esforçou para estar comigo.

Talvez eu ria das vezes que me ausentei e você não sentiu minha falta. Das mensagens não respondidas, das vezes em que você não ligou, das vezes em que não se importou.


Talvez eu ria de como fui tola, de como me deixei levar por alguém que era apenas promessa, que não tinha futuro. Você não tem futuro! Você só espera, espera, espera... Quem nunca tira um pouquinho os pés da realidade, não pode alcançar as estrelas.


Não consigo mais esperar por alguém que não irá chegar. Pelo contrário, estou partindo. A  vida está lá fora, gritando para entrar e eu... eu apenas quero vida! Você só me trouxe dor, enquanto eu tentei aliviar as suas. Posso não ter conseguido todas as vezes, mas você sabe que eu tentei.


Talvez eu ria de como você não se deu a oportunidade de me conhecer, de me ver sensível, poética, frágil e sem maquiagem. Estranho dizer estas coisas de mim, mas, sim, eu também sou tudo isso. 

Talvez eu ria de como você foi incapaz de perceber que eu estava ali, sempre estive, e era por você. 


Quero rir de como você teve medo! Por Deus, eu pensava ser medrosa, mas não! Eu enfrentei tudo. Inclusive um sentimento que eu não desejei para mim, que me sentia incapaz de nutrir. Eu não sou incapaz de amar, embora isso me incomode um pouco. Você sim é incapaz de amar! 

Talvez eu ria de como você se mostrou interessado um dia, mas, do nada, foi tudo isso e pior. Foi num dia palavras bonitas, poemas, canções, cavalheirismo; para depois, sem uma explicação plausível, verter-se em desinteresse, apatia, egoísmo. Você só queria me conquistar para depois me ferir? Pergunto-me: quem é você afinal? Tenho medo da resposta.


Contudo, agora, enquanto não há traços de alegria em mim, enquanto tento me habituar à sua ausência, e isso torna tudo tão mais difícil, preciso me afastar dessas lembranças boas do que poderia ter sido, mas você não quis que fosse. Se eu não fizer isto agora,  pode ser que eu perca partes importantes de mim por alguém que não merece ter sequer o nome citado. 

(Maíra Vanessa)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dividida entre dois amores?


Texto nenhum pouco poético, mas prático.
Tô postando para me lembrar disto futuramente. 
haha'



Dividida entre dois amores?



Se você está dividida entre dois amores
Ligue para os dois e fale rapidamente com cada um.
Se despeça em seguida.
O que não gosta de você vai te dar "tchau" educadamente.
O que gosta de você vai inventar infinitos assuntos para você não desligar.

Se você está dividida entre dois amores
Mande uma mensagem na madrugada para cada um.
O que não gosta de você talvez te responda no dia seguinte.
O que gosta de você vai responder: “eu tava dormindo, pô!
Mas, já que me acordou, fala aê.”

Se você está dividida entre dois amores
Fique online nas redes sociais.
O que não gosta de você só vai falar contigo
Se tiver um assunto em mente.
O que gosta de você não vai esperar muito tempo para dizer
“Oi. Td bem?”

Se você está dividida entre dois amores
Convide-os para fazer algo de que não gostem
O que não gosta de você, com certeza, não o fará.
O que gosta de você vai fazer
E vai te confessar que até entende um pouco
Porque deu uma pesquisada antes.

Se você está dividida entre dois amores
Chame-os para sair.
O que não gosta de você vai aceitar rachar a conta.
O que gosta de você não vai deixar você pagar
E ainda vai pagar para sua amiga.

Se você está dividida entre dois amores
Fale que você gosta demais do músico funk do momento.
O que não gosta de você vai rir e te censurar
O que gosta de você vai escutar a música que você indicou
Apesar de não ser muito fã.

Se você está dividida entre dois amores
Fale dos seus amigos mais íntimos.
O que não gosta de você vai te escutar e até dar conselhos.
O que gosta de você vai ficar todo sem graça
e mudar de assunto logo logo.
Observe!

Se você está dividida entre dois amores
Fique sem dar notícias por uma semana.
O que não gosta de você... bem...
Você nunca mais vai ouvir falar!
O que gosta de você vai colocar crédito no celular,
Te procurar nas redes sociais,
E é perigoso ir até sua casa.
E, depois de ficar preocupado com você,
Vai te perguntar offline ou num sms:
“Eu fiz algo de errado?”

Sabe por quê?
Aquele que gosta de você
Fará qualquer coisa por você.
Por isso, dê valor ao sentimento dele
E aprenda a esperar a hora certa para ficarem juntos,
Porque esta hora, com certeza, vai chegar.

(Maíra Vanessa)

domingo, 13 de janeiro de 2013

Inspiração


Tem dias que não estamos bem. Tem dias que acordamos para fazer e dizer besteiras, para magoar e ser magoados. E hoje foi um dia desses para mim, infelizmente. Então sentei-me e, como sempre, tentei escrever algo. Raramente eu escrevo sobre mim, embora no que escreva tenha muito de mim. E foi isso o que escrevi... Não é para agradar, mas, como certeza, foi bastante aliviador e inspirador para mim. Falo de fatos e de pensamentos que têm me norteado. J




Às vezes procuramos inspiração, mas não a encontramos. Na maioria das vezes a inspiração nos encontra. Não estou falando apenas de inspiração para poemas, música, desenhos, fotografia, para um novo romance. Não! Estou falando de inspiração para a vida!

Quando paramos para pensar sabemo-nos repletos de dons. Eu particularmente possuo o dom  da escrita, de aprender e ensinar, possuo o dom de compreender e criticar obras literárias. Possuo ainda o dom da oratória (ou possuía)  e o dom da dança e da atuação (a algum tempo abandonados). E o, recentemente descoberto, dom para culinária. Contudo, não possuo dom para escrever um romance extenso ou uma peça teatral. Não possuo o dom do canto e muito menos para tocar algum instrumento. Todavia, estou eu a fazer aulas de violão e de canto.

Dons necessitam ser desenvolvidos ou perdem-se, como perdi o dom da dança e pretendo recuperá-lo.  Alguns dons ficam por um tempo e depois já não fazem parte mais de quem somos, como o meu dom para a atuação. Alguns dons estão tão arraigados a nós que nem se quiséssemos poderíamos dissipá-los, como é o meu caso da escrita.

Todavia, todos temos dons em comum. O dom do amor, o dom da amizade, o dom do perdão. E como tal, tais dons necessitam ser desenvolvidos, trabalhados minunciosamente e com tamanho empenho, até que passem a fluir naturalmente em nossas veias, fazendo integralmente parte do que somos. Ora, se o dom do amor não é desenvolvido, como terei eu compaixão e serei caridosa? Há pessoas que preferem cultivar o desânimo e o pessimismo. Temos o livre-arbítrio.

Algumas pessoas estão mais propícias a ver a beleza da vida do que outras. Ainda não descobri em qual grupo encontro-me. Um dia pensei bastante sobre isso e cheguei à conclusão de que meu amor pela vida não é tão grande. Não digo pela vida humana. Digo por minha própria vida. Mas, meu medo da morte é enorme. Tudo que inspira morte me aterroriza. E, olhe só, a morte também é um dom! Não só a morte física, mas a morte que tocamos todos os dias. Somos frágeis e estamos em constante mutação. Nada, nenhuma situação nos é definitiva. O que nos era fascínio ontem, já não nos é hoje. Nossas opiniões mudam e ainda bem que mudamos! Se não amo tanto a minha vida, mas tenho tanto medo de perdê-la, então, que eu seja forte e corajosa para enfrentar os percalços que me cercam.

E quantos percalços encontramos! Parece que a todo instante caminhamos por estradas esburacadas e sempre estamos a entrar em um buraco diferente. Às vezes o buraco é tão fundo que não sabemos como sair dele. Outras vezes, quando nos damos conta, já não é mais um buraco, e sim um poço. É o fim do poço! Desespero, angústia, solidão, não saber o que fazer, falta de inspiração. É aí que encontramos as respostas que estivemos procurando desde sempre. É aí que descobrimos quais os caminhos a trilhar e o que nos tem feito chegar ao lugar em que chegamos.

E aí nos perguntamos: até quando? E (re)encontramos a inspiração da vida, (re)encontramos nossos dons e (re)desenhamos nosso destino. Temos planos, projetos a serem realizados. Deus nos manda pessoas para ajudar, alguém que diz: “Você é tão boa nisso... Já pensou em fazer tal curso?” Ou você encontra um antigo colega de faculdade que te diz: “Estão precisando de alguém para trabalhar neste lugar e eu te indiquei.” Ou então, alguém muito especial abre sua janela no Facebook e diz: “Jesus mandou dizer: Alegra-te e saibas que pelo poder da Minha palavra realizarei maravilhas em você.” Ou então, um amigo te liga naquela madrugada em que você chorou tanto e esteve tão infeliz, e fica quase duas horas falando contigo, tentando te animar (e olhe que esse amigo nem gosta de falar ao telefone). E você pensa: “Um amigo assim é presente de Deus”. E o que era escuridão, torna-se em luz. O que era desespero torna-se esperança e o antigo fica para trás. Tal qual a Fênix renascemos de nossas cinzas para um recomeço. E, sim, eu tenho uma inspiração de vida!

Então, malas são desfeitas, amizades refeitas, laços estreitados, sorrisos abertos, a felicidade começa a ser trilhada e nós nos tornamos cada vez mais parte do grande dom inspirador que é a vida.

Maíra Vanessa