terça-feira, 8 de outubro de 2013

Às vezes o que quero





Às vezes, o que quero
É apenas um pouco de carinho, de afeto
De amor, de atenção.
Ser aceita como sou.
Compartilhar meu mundo
Sem ser julgada.
Mostrar-me frágil
Sem que pensem que sou fraca.
Dividir meus segredos mais ocultos
Aprender a confiar em alguém.

As circunstâncias ferem;
Todavia, a vida está aí
E pede para ser vivida.
O passado incomoda
Mas este, ficou para trás.
E só há uma solução:
Olhar para frente,
Acreditar no futuro,
Fazendo do hoje o melhor presente;
E ir além do que penso ser capaz.

Maíra Vanessa

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Angústia









Tantos dias movidos por desespero,

Não há para onde correr.

O mundo é um túnel negro,

Gélido, vazio, feio de se ver.




Não há cores,

Os aromas são desagradavelmente desconhecidos,

Os sabores amargos

E  tudo o que toco desagrada ao meu tato.




Tudo o que penso é contrário a ser feliz.

Tudo o que ouço são melodias melancólicas.

Tudo o que vejo: tristeza.

E já não tenho voz...




Não há rumo, nem luz.

Lágrimas vazias caem na escuridão,

Vozes clamam por socorro

E carrascos impiedosos dizem “Não”.





Já não há boa sorte...

Apenas trevas e temor.

O único caminho é a morte,

Exterminadora de todo sofrimento e dor.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Você saberá que é amada (Augusto Branco)





Você saberá que é amada
Quando ele te olhar com mais carinho do que desejo
Com mais ternura do que paixão

Você saberá que é amada
Quando ele pedir mil desculpas por ter chegado atrasado
E você perceber nos olhos dele
Que ele está com o coração na mão

Você saberá que é amada
Quando ele não medir esforços para te ver
Para te agradar
Nem para demonstrar de todas as formas
O quanto ele te adora e te quer bem

Você saberá que é amada
Quando mesmo que você sequer o esteja notando
Ele não pare de te rodear
Ansioso por te encher de mimos e carinhos

Você saberá que é amada, enfim,
Quando ele ligar para você quando você menos esperar
Nem que seja apenas para ouvir tua voz
E te desejar um lindo dia
E continue sempre a cantar
e a declarar os sentimentos dele por você
 

Mesmo que ele não ouça de você
Uma única palavra
E continue mostrando-se completamente apaixonado
Mesmo que ele saiba
que qualquer coisa que ele faça
Será totalmente em vão...

(Augusto Branco)

terça-feira, 25 de junho de 2013

Hoje senti falta


♫ Pois tudo o que ofereço
É, meu calor, meu endereço
A vida do teu filho
Desde o fim, até o começo. ♫






Hoje senti falta de nós dois.
De nossos passeios de mãos dadas
Das vezes em que vimos o pôr do sol
E de quando, perdidos em nossas aventuras noturnas,
Testemunhamos o sol nascente.

Senti falta das vezes em que me acordava
Ligando, rapidamente, apenas para dizer bom dia...
“Desculpe. Te acordei?”
Sim! Da melhor forma!

Senti falta de nossas longas conversas observando a lua
E das horas de silêncio confortável entre nós!
De nossa conversas frívolas, banais.
E de nossos assuntos sérios,
Ou até mesmo excêntricos.

Senti falta de nossas brigas por ciúmes.
Eu sou assim e você sabe!
Senti falta de nossas brigas por causa dos meus amigos.
Melhor nem falar disso!

Senti falta das flores sem data,
Dos “eu te amo” sem hora,
Dos “boa noite” de madrugada ,
Após longas despedidas.

Senti falta do calor do seu abraço,
Dos beijos inesperados,
Das visitas surpresas,
Dos seus braços protetores.

Senti falta de nossa cumplicidade
E de todos os substantivos bons que a vida adjetiva em você,
Cujo, principal é felicidade.
Sim! Com você, ainda que perdida em esperanças,
Eu sou feliz em sua forma mais plena.

Por isso tudo é que eu sinto falta deste futuro bom,
Deste amor novo, renovado.
De tudo o que pode ser e de tudo o que será...
E, desconfio eu, de tudo o que já é!

(Maíra Vanessa) 




quarta-feira, 5 de junho de 2013

Caso

 "O meu amor 
tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, 
quando me roça a nuca 
e quase me machuca 
com a barba mal feita."

(Chico Buarque)



Ela caminha cheia de charme
Salto alto, unha feita, maquiada
Todos a olham quando ela passa
Exalando perfume, desfilando apressada.


O mundo todo observa a mulher-moça,
Conquista dos lábios (e da lábia)
De um tal rapaz tão sedutor.
E ela sabe o que a espera naquele quarto
Olhos castanhos, boca vermelha, 
Champagne, buquê de flor.


Ela cruza a rua a passos apertados
Toma-lhe conta o frio na espinha
Está prestes a encontrar seu amado
E dele ouvir poucas e doces palavras
"És toda minha!"



Adentra o recinto tão familiar.
Não há saudação que lhe impeça
De cair nos braços de seu Romeu
Agora... Já!


E são beijos, carícias, abraços
Olhos nos olhos. Braços são laços.
Batidas cruzadas, corações entrelaçados
E já não são dois.


Não há mais "poréns"
Já não há dor
Tudo ao redor conspira, suspira,
Inspira amor.



Nos braços do amado nada mais tem valor
Apenas o fato de não pertencer a si.
Nada mais existe a não ser seu homem,
E entre ambos apenas a felicidade...
Tristeza e dores de espera somem.



O amanhã não importa,
Se novamente tudo se encontrar
Por trás daquela porta
Traduzido em sussurros, silêncio...
Amar!



Ela calça os saltos, retoca o batom e vai.
A felicidade grita em cada parte de seu ser.
Sim! Ela é amada!
Mas, ninguém precisa saber.


(Maíra Vanessa)



quinta-feira, 30 de maio de 2013

Amar (Florbela Espanca)





Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!



Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!



Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!



E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...



domingo, 26 de maio de 2013

Eu Paradoxo






De repente, temos a sensação de ter feito o certo, de ter invadido na hora exata, de ter falado palavras precisas. Mesmo quando o resultado não é o desejado, quando não corresponde às nossas expectativas, a sensação do dever cumprido é aliviadora. 

Eu sei que não guardei o que eu tinha que dizer. Eu apenas disse. E daí se não deu certo? E se desse? Eu não tenho medo nem de “sim”, nem de “não”. Quanto mais do silêncio! 

Eu sou o silêncio! Aquele que verte-se em palavras na hora exata!

Eu sou as palavras exprimidas em meio às dores da alma, que acalmam quando pronunciadas.

Eu sou um coração repleto de esperanças de uma vida melhor. 

Eu sou uma nova vida, querendo ser vivida a plenos pulmões.

Eu sou o hoje, o agora! Mas também sou o amanhã.

Eu sou a dor aliviada, eu sou o amor que não deu certo. E sou o que dará.

Eu era agonia. Agora sou expressão.

Fui decepção. Agora sou cheia de futuro.

Sou um misto de “que pena que não deu certo!” com “quem é que conhece o amanhã?”.

Eu sou os meus muitos defeitos, mas também sou perfeição.

Eu sou aprendizagem e sei que o mundo dá voltas. Se eu fui palavras, agora sou silêncio, até poder me tornar em sons outra vez. Quem sabe música, quem sabe poema, quem sabe confissões?

E no silêncio eu canto, eu rio, eu choro, eu rezo, eu simplesmente espero. 

Sei que nada é definitivo. Não existe "para sempre", assim como não existe "nunca". As coisas mudam, assim como eu mudo, porque, sim, eu sou uma metamorfose ambulante. E é assim que eu prefiro ser.

Mas, eu não sou mentira. Eu sou verdade. Sou sentimento e sentimento bem real. Se vivido, eu sou um sentimento palpável, demonstrável, concreto. Não sou ilusão. Eu sei o que eu quero, sei o que eu posso e sei quando não vai dar.

Eu também sou expectativa, porque sei que o que é decepção pode tornar-se em esperança, e o que é saudade, em presença!

Eu sou presença de um Deus imenso que não me deixa cair, quando o mundo desaba. 

Eu sou um paradoxo.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Perambulo pelas ruas

 

Perambulo pelas ruas...
Tenho tanto que fazer!
Tenho um destino a cuidar,
Tenho um futuro a desbravar.

Tenho uma música a compor
E um filme para ver.
Mas, como o faria se tudo 
Me reporta a quem devo [esquecer?




Tenho andado deprimida
Vagando nos recônditos de minh'alma.
A lembrança que oprime
É a mesma que me acalma.


Perdida em mim,
Em meio à escuridão noturna...
Não consigo me encontrar
Embora de mim também eu não suma.

Perambulo pelas ruas...


Maíra Vanessa

domingo, 19 de maio de 2013

Volta!

Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim!





A gente se sente tola
Por certas coisas que a gente faz.
Um gesto de carinho sem retribuição,
Uma mensagem sem resposta,
Querer a alguém bem demais
Que nos querer bem não demonstra.

Há gestos que fazem toda diferença.
Dormir com um "boa noite"
e acordar com um "bom dia".
Conversas fora de hora,
Causa de saudade intensa.
Preenche a vida vazia.

Alguém perguntando: "como foi seu dia?".
Tirando meu sono... insone comigo.
Mesmo ritmo, batida vital.
E, mesmo sabendo que a gente não dormiu
Pergunta: “teve bons sonhos?”
"Meu sonho é real!"

Não é falta de alguém.
É falta dO alguém
Que parece ter ido para não voltar mais.

O pior é pensar que eu tive tudo isso
E, por medo, joguei fora.

Que, antes, era exatamente assim, e
por orgulho e vaidade, eu desprezei.

E agora colho os amargos frutos que plantei,
Na esperança de que um dia ele volte...
E me tire novamente o sono...
E me irrite...
E me faça sorrir...
E faça questão de minha presença...
E me devolva a felicidade,
Que tive em minhas mãos e perdi.


(Maíra Vanessa)