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terça-feira, 9 de novembro de 2021

FIGURA SÓ - TARSILA DO AMARAL

 


Olá, caros amigos.


Na postagem de hoje, venho trazer uma das pinturas que mais gosto de Tarsila do Amaral: Figura Só.


Tarsila do Amaral (1886-1973).


Antes de adentrar na obra propriamente dita, é necessário ressaltar a grandeza de Tarsila para a arte nacional, mas também para a arte brasileira reconhecida no exterior.

Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, em 1886. Veio de família abastada, em virtude de negócios familiares em fazendas no interior de São Paulo. 

Tarsila teve a oportunidade de estudar com grandes nomes das artes na Europa, adentrando, cada vez mais, o universo modernista e suas vanguardas. Teve como principal mestre e referência Fernand Léger.

Sua principal obra é Abaporu (homem que come homem), considerada não apenas sua principal pintura, mas a pintura nacional mais importante, uma vez que representa a brasilidade do povo tupiniquim. Também é o marco inicial do movimento Antropofágico no Brasil. Tal obra integra, atualmente, o Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (MALBA).

Quanto à obra Figura Só, óleo sobre tela, é datada de 1930, período em que a artista passou por diversas dificuldades pessoais, o que culminou na obra em questão.



Como um quadro do período modernista brasileiro, especificamente em sua primeira fase, Tarsila traz obras cujos contornos, cores e planos modulados conferem movimentação à tela. Nas palavras de Moraes (2014, p.127):



Tarsila realiza uma paisagem mais realista, ao pintar uma figura estática em forma de retrato, oposta a uma vegetação sempre aumentada, engrandecida contra as figuras que pousam com as palmas [...]. Os elementos são bastante sintéticos, mas, não se apegam à celebração de uma nacionalidade de qualquer teor. Trata-se de uma mulher universal.

 

Em 1929, a abastada família de cafeicultores de Tarsila perdeu toda a fortuna, devido à crise financeira internacional ocorrida pela quebra da bolsa de valores de Nova York. Em 1930, Tarsila havia conseguido um emprego como conservadora da Pinacoteca de São Paulo, contudo, com o fim da Era Vargas, a artista perdeu o cargo no mesmo ano. Ainda em 1930, o marido da pintora, Oswald de Andrade, a abandonara por ter-se apaixonado por outra mulher, a escritora e revolucionária Patrícia Galvão (Pagu).

O período conturbado na vida da artista, levou-a a compor a obra Figura Só, tida pela crítica como um autorretrato, que mostra uma mulher em um ambiente árido e noturno, com o cabelo esvoaçante em meio à ventania, de costas, cujo semblante não é visto pelo espectador, mas cujo corpo toma forma de lágrima, demonstrando o estado interior desolado e solitário de Tarsila.

Eu gosto bastante dessa pintura, sendo a minha preferida, pois representa, em seus tons escuros, a tristeza, mas também cores nacionais, como o verde da relva e o azul do céu. 

Os cabelos esvoaçantes, que não findam na obra, remetem ao feminino, já que os cabelos longos, expressam, especialmente, a alma do ser feminino.

Por fim, há a figura central, a mulher, de costas, solitária, que traz toda a tristeza em si, de um momento difícil. Quem nunca passou por isso, por momentos ruins que pareciam infindáveis? Creio que todos já passaram.

Por isso mesmo, também sinto esperança nesta obra, por saber que a solidão é necessária para o aprendizado, que a tristeza é necessária para o amadurecimento, mas que tudo passa e, amanhã, essa figura solitária estará em nova vida, quiçá uma vida completamente feliz.

E você, o que sente com essa pintura? 

É impossível não amar Tarsila do Amaral!


Maira Vanessa


Referência

MORAES, Naymme Tatyane Almeida. A paisagem como um discurso em Tarsila do Amaral: A construção de um diálogo entre o espaço social e pictórico na década de vinte do século XX no Brasil: do Pau Brasil a Antropofagia. 2014, 146 f. Dissertação [Mestrado em História]. Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/PR, 2014.