quinta-feira, 30 de maio de 2013

Amar (Florbela Espanca)





Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!



Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!



Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!



E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...



domingo, 26 de maio de 2013

Eu Paradoxo






De repente, temos a sensação de ter feito o certo, de ter invadido na hora exata, de ter falado palavras precisas. Mesmo quando o resultado não é o desejado, quando não corresponde às nossas expectativas, a sensação do dever cumprido é aliviadora. 

Eu sei que não guardei o que eu tinha que dizer. Eu apenas disse. E daí se não deu certo? E se desse? Eu não tenho medo nem de “sim”, nem de “não”. Quanto mais do silêncio! 

Eu sou o silêncio! Aquele que verte-se em palavras na hora exata!

Eu sou as palavras exprimidas em meio às dores da alma, que acalmam quando pronunciadas.

Eu sou um coração repleto de esperanças de uma vida melhor. 

Eu sou uma nova vida, querendo ser vivida a plenos pulmões.

Eu sou o hoje, o agora! Mas também sou o amanhã.

Eu sou a dor aliviada, eu sou o amor que não deu certo. E sou o que dará.

Eu era agonia. Agora sou expressão.

Fui decepção. Agora sou cheia de futuro.

Sou um misto de “que pena que não deu certo!” com “quem é que conhece o amanhã?”.

Eu sou os meus muitos defeitos, mas também sou perfeição.

Eu sou aprendizagem e sei que o mundo dá voltas. Se eu fui palavras, agora sou silêncio, até poder me tornar em sons outra vez. Quem sabe música, quem sabe poema, quem sabe confissões?

E no silêncio eu canto, eu rio, eu choro, eu rezo, eu simplesmente espero. 

Sei que nada é definitivo. Não existe "para sempre", assim como não existe "nunca". As coisas mudam, assim como eu mudo, porque, sim, eu sou uma metamorfose ambulante. E é assim que eu prefiro ser.

Mas, eu não sou mentira. Eu sou verdade. Sou sentimento e sentimento bem real. Se vivido, eu sou um sentimento palpável, demonstrável, concreto. Não sou ilusão. Eu sei o que eu quero, sei o que eu posso e sei quando não vai dar.

Eu também sou expectativa, porque sei que o que é decepção pode tornar-se em esperança, e o que é saudade, em presença!

Eu sou presença de um Deus imenso que não me deixa cair, quando o mundo desaba. 

Eu sou um paradoxo.


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Perambulo pelas ruas

 

Perambulo pelas ruas...
Tenho tanto que fazer!
Tenho um destino a cuidar,
Tenho um futuro a desbravar.

Tenho uma música a compor
E um filme para ver.
Mas, como o faria se tudo 
Me reporta a quem devo [esquecer?




Tenho andado deprimida
Vagando nos recônditos de minh'alma.
A lembrança que oprime
É a mesma que me acalma.


Perdida em mim,
Em meio à escuridão noturna...
Não consigo me encontrar
Embora de mim também eu não suma.

Perambulo pelas ruas...


Maíra Vanessa

domingo, 19 de maio de 2013

Volta!

Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim!





A gente se sente tola
Por certas coisas que a gente faz.
Um gesto de carinho sem retribuição,
Uma mensagem sem resposta,
Querer a alguém bem demais
Que nos querer bem não demonstra.

Há gestos que fazem toda diferença.
Dormir com um "boa noite"
e acordar com um "bom dia".
Conversas fora de hora,
Causa de saudade intensa.
Preenche a vida vazia.

Alguém perguntando: "como foi seu dia?".
Tirando meu sono... insone comigo.
Mesmo ritmo, batida vital.
E, mesmo sabendo que a gente não dormiu
Pergunta: “teve bons sonhos?”
"Meu sonho é real!"

Não é falta de alguém.
É falta dO alguém
Que parece ter ido para não voltar mais.

O pior é pensar que eu tive tudo isso
E, por medo, joguei fora.

Que, antes, era exatamente assim, e
por orgulho e vaidade, eu desprezei.

E agora colho os amargos frutos que plantei,
Na esperança de que um dia ele volte...
E me tire novamente o sono...
E me irrite...
E me faça sorrir...
E faça questão de minha presença...
E me devolva a felicidade,
Que tive em minhas mãos e perdi.


(Maíra Vanessa)

 



quinta-feira, 16 de maio de 2013

Coisas que ficam no vão



Talvez algum dia a gente olhe para trás e ria de tudo. Talvez, e mais provavelmente, eu ria de tudo sozinha. 


Talvez eu ria das vezes que esperei por você e você não apareceu. Das vezes que me elogiou para em seguida me criticar. E das vezes que só me criticou.


Talvez eu ria das vezes que pedi sua ajuda e você me disse "não", comedidamente, mas foram “nãos”. E das vezes que você precisou de mim e eu disse "sim", efusivamente "sim".


Talvez eu ria das vezes que te convidei para um programinha qualquer, só para te ver, e você nem se esforçou para estar comigo.

Talvez eu ria das vezes que me ausentei e você não sentiu minha falta. Das mensagens não respondidas, das vezes em que você não ligou, das vezes em que não se importou.


Talvez eu ria de como fui tola, de como me deixei levar por alguém que era apenas promessa, que não tinha futuro. Você não tem futuro! Você só espera, espera, espera... Quem nunca tira um pouquinho os pés da realidade, não pode alcançar as estrelas.


Não consigo mais esperar por alguém que não irá chegar. Pelo contrário, estou partindo. A  vida está lá fora, gritando para entrar e eu... eu apenas quero vida! Você só me trouxe dor, enquanto eu tentei aliviar as suas. Posso não ter conseguido todas as vezes, mas você sabe que eu tentei.


Talvez eu ria de como você não se deu a oportunidade de me conhecer, de me ver sensível, poética, frágil e sem maquiagem. Estranho dizer estas coisas de mim, mas, sim, eu também sou tudo isso. 

Talvez eu ria de como você foi incapaz de perceber que eu estava ali, sempre estive, e era por você. 


Quero rir de como você teve medo! Por Deus, eu pensava ser medrosa, mas não! Eu enfrentei tudo. Inclusive um sentimento que eu não desejei para mim, que me sentia incapaz de nutrir. Eu não sou incapaz de amar, embora isso me incomode um pouco. Você sim é incapaz de amar! 

Talvez eu ria de como você se mostrou interessado um dia, mas, do nada, foi tudo isso e pior. Foi num dia palavras bonitas, poemas, canções, cavalheirismo; para depois, sem uma explicação plausível, verter-se em desinteresse, apatia, egoísmo. Você só queria me conquistar para depois me ferir? Pergunto-me: quem é você afinal? Tenho medo da resposta.


Contudo, agora, enquanto não há traços de alegria em mim, enquanto tento me habituar à sua ausência, e isso torna tudo tão mais difícil, preciso me afastar dessas lembranças boas do que poderia ter sido, mas você não quis que fosse. Se eu não fizer isto agora,  pode ser que eu perca partes importantes de mim por alguém que não merece ter sequer o nome citado. 

(Maíra Vanessa)

sexta-feira, 10 de maio de 2013

I miss you




E, de repente, pessoas que eram tão 
próximas afastam-se,
e a agente fica(,)
sem saber porquê.



Maíra Vanessa