quinta-feira, 18 de junho de 2015

Saudade



Com mil beijos a cobrirei
Beijos secos, enfadonhos, empedernidos
Aumentarei minhas dores
Em sua aspereza, em seus gemidos.

Com mil versos eu a cultuarei
Versos aflitos, ridículos, tristonhos
Abandonar-me-ei imensamente
Em seus mais funestos sonhos.

Em meu ser a incorporei
É meu constante penar
Meu desamor e instabilidade

Ilusão, desilusão, já não sei
Está entranhada em meu ser
Amarga, lúgubre, miserável saudade.


Maíra Vanessa

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Toda Criança



Toda criança quer acordar
Brincar
Menina quer ser princesa
Pois seja!
Menino quer ser cavaleiro
Guerreiro!
Mocinha, professora, herói
Cowboy

Toda criança quer dormir
Partir
Para o mundo dos sonhos
Risonhos
O impossível alcançar
Viajar

Toda criança quer ir para escola
Agora
Os amigos encontrar
Balançar
Muitas aventuras viver
Crescer

Toda criança quer dignidade
De verdade
Que os pais lhe deem atenção
Por que não?
Que a escola a trate com carinho
Lanchinho

Toda criança quer ser acolhida
Quer vida
Toda criança quer
O direito de ser criança

Infância!

Maíra Vanessa

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Orgulho e Preconceito, Emma, Jane Eyre e uma certa inspiração vinda de um livro ganhado

     Gente! Quanto tempo sem atualizar este blog. Sabe quando dá aquele apagão, que não sabemos o que escrever ou o que postar? Pois é. Ainda bem que acabou-se. 
     Primeiramente, quero desejar Feliz Ano Novo e que seja para nós um ano bem bacana e marcante positivamente.
    Bem, então vamos ao que interessa! A pergunta é: como recuperei a inspiração artística, o fio literário, como soube sobre o que escrever? 
      Simples: ganhei um livro! :D
     Bem, na verdade, ganhei um livro em uma promoção do Skoob no Instagram, em comemoração ao aniversário de 6 anos da rede social. Parabéns, Skoob!!!
    O desafio era fotografar "o seu amor por um personagem". Como amo os livros da Jane Austen e da  Charlotte Brontë, juntei-os com minhas Damas de Época, coleção da Planeta de Agostini, referentes a eles e compus a foto a seguir.


Em sequência: Elizabeth Bennet, Emma e Jane Eyre.
Fonte: Maíra Vanessa,2015. 
Para reproduzir esta imagem, deve-se pedir permissão ao autor.

     O livro que escolhi para receber como prêmio, da editora Rocco, foi "A Guardiã dos Segredos do Amor", de Kate Morton, e, quando eu o ler, farei a resenha. Escolhi este livro, pois é um romance de época e tem tudo a ver com minha fotografia.
    Bem, inspirada pela imagem anterior, deixo como dicas de leitura os livros que amo, de personagens pelas quais sou apaixonada e que superrecomendo.
     Orgulho e Preconceito, Jane Austen, é a história de uma família com cinco filhas, cujo objetivo primordial da mãe é casá-las, para que, caso o pai das moças venha a óbito, as meninas não fiquem com uma mão na frente e outra atrás. Enquanto a preocupação da mãe é apenas casá-las e casá-las bem, a segunda filha da família Bennet, deseja muito mais que unir-se em matrimônio a um rapaz de família abastada, mas encontrar o homem certo. Odiando o arrogante Mr. Darcy e caindo nos encantos do oficial raso Mr. Wickham, Lizz Bennet, tem muito a descobrir sobre os outros e sobre si mesma. Mais do que apenas um romance, Orgulho e Preconceito retrata a sociedade de Londres do século XVIII, mostrando como dava-se a questão da propriedade, como era o trato de homens e mulheres e como as aparências sempre estiveram acima do caráter. 

Fonte: Maíra Vanessa, 2015.
AUSTEN, Jane. Orgulho e Preconceito. Matin Claret, 2006.

       Emma, o romance mais conhecido de Jane Austen, conta a história da rica moça que dá nome ao livro. Emma Woodhouse, ajuda às pessoas mais necessitadas, é  a filha mais nova e, por ser a irmã mais velha casada, é ela quem cuida do pai. Emma não tem grandes planos para casamento e, uma das caridades que ela acha que faz é alcovitar romances. Numa dessas, tentando unir sua amiga desafortunada Harriet Smit ao  pároco Mr. Elton, dá-se muito mal, visto que o rapaz em questão não estava apaixonado por Harriet e sim por Emma. Ferindo os sentimentos da amiga, anteriormente apaixonada por um rapaz de família simples, Mr. Martin, que havia claramente mostrado interesse por Harriet, Emma descobrirá como esconde os preconceitos por baixo das obras de caridade e que seu grande amor está mais perto do que ela imagina. 

Fonte: Maíra Vanessa, 2015.
AUSTEN, Jane. Emma. Tradução: Ivo Barroso [Edição Especial]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 2011. (Saraiva de bolso).

        Jane Eyre, de Charlotte Brontë conta a história de uma menina que perde os pais prematuramente e fica vivendo com a tia que a odeia, enquanto os primos a maltratam. Como a tia não aguenta nem olhar para as fuças da garota, manda-a para um internato religioso, no qual, de início, a menina sofre duras penas. Ao tornar-se moça, Jane decide deixar o internato e ir em busca de novos ares. Consegue emprego como tutora de Adèle, uma garotinha francesa adota pelo sempre ausente Mr. Edward Rochester. Após tanto sofrer, Miss Eyre descobre como amar e, principalmente, ser amada é bom. Contudo, seu romance é proibido e a moça tem de, mais uma vez, recomeçar. Todavia, nem tudo está perdido.

Fonte: Maíra Vanessa, 2015.
BRONTË, Charlotte. Jane Eyre. Tradução e prefácio de Heloísa Seixas. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.

      Baseadas nos romances citados têm-se ainda adaptações cinematográficas homônimas, que são igualmente encantadoras.
          Desta forma, deixo aqui minhas recomendações de leitura, que não precisariam de explicações nem introdução, visto que são grandes clássicos.



Maíra Vanessa

Referências

Meu perfil no instagram: http://instagram.com/m.vanessa88/
Skoob: www.skoob.com.br
Perfil Skoob Instagram: http://instagram.com/skoobnews/
Editora Rocco: www.rocco.com.br
Editora Rocco no Instagram: http://instagram.com/editorarocco/

terça-feira, 4 de novembro de 2014

A Critica Social em João Cabral de Melo Neto - Breves aspectos em "Morte e Vida Severina", "O Cão sem Plumas" e "O Rio"



Uma das funções dos textos de João Cabral de Melo Neto é a crítica social, que se faz presente em Morte e vida severina, O cão sem plumas e O Rio.  Nos três, percebemos que a crítica é voltada para a mesma sociedade, já que os problemas ressaltados são os mesmos: a miséria social e os aspectos que ela engloba.
Em Morte e vida severina, percebemos que a miséria faz com que Severino procure melhores condições de vida, longe da seca, da fome, da exclusão, da morte. No caminho para Recife, só encontra morte. E, na cidade grande, percebe que não importa aonde vá, o problema está em todos os lugares.


__Mas o que se vê não é isso:
É sempre nosso serviço
Crescendo mais cada dia;
Morre gente que nem vivia.
__E esse povo lá da riba
De Pernambuco, da Paraíba,
Que vem buscar no recife
Poder morrer de velhice,
Encontra só, aqui chegando
Cemitérios esperando.
__Não é viagem o que fazem,
Vindo por essas caatingas,vargens;
Aí está o seu erro:
Vêm é seguindo seu próprio enterro.
 (p. 191)


Severino, então, decide suicidar. Porém, encontra Seu José, mestre carpina, que vai lhe mostrar que a vida é mais importante.

__Severino, retirante,
Não sei bem o que lhe diga:
Não é que eu espere comprar
Em grosso de tais partidas,
Mas o que compro a retalho
É, de qualquer forma, vida.
(p.195)



Em O cão sem plumas, notamos que o rio Capibaribe, que corta a cidade de Recife em dois extremos, de um lado ricos, e de outro, pobres, vai ser comparado às pessoas sem recursos financeiros. É o que constatamos, como nos trechos seguintes:


Aquele rio
Jamais se abre aos peixes,
Ao brilho,
À inquietação de faca,
Que há nos peixes,
Jamais se abre em peixes.

Abre-se em flores
Pobres e negras
Como os negros;
Abre-se numa flora suja e mendiga
Como são os mendigos negros.
Abre-se em mangues
De folhas duras e crespos
Como um mendigo.
(p. 105-106)


Nestes trechos, observamos que o rio é poluído, como as pessoas daquela região. Poluídas no sentido de sujas, marcadas, desprezadas. Que esse rio não se abre aos peixes, porque peixe simboliza abundância e felicidade. Não se abre em brilho, porque vive na escuridão, assim como aqueles habitantes.
Vemos, então, mais uma vez a miséria social, tratada pelo autor.



Em O rio, a crítica é a mesma. Todavia, a população já não habita ao redor do rio, e sim dentro dele. As casas são perpassadas por ele e por isso ele é “seu companheiro mais íntimo”. O eu-lírico do poema é o próprio rio, que fala de si e de suas experiências com aquela população, que se torna parte dele.

A não ser esta cidade
Que vim encontrar sob o Recife;
Sua metade podre
Que com lama podre se edifica.

(...)

Conheço toda essa gente
que deságua nestes alagados.
Não estão no nível do cais,
Vivem no nível da lama e do pântano.


É gente que, como em Morte e vida severina, não tem identidade. Que, por não ter onde viver, precisa construir sua casa dentro do rio. Gente, cuja miséria é total. É uma população que quer mudar de vida, mas não vê solução, pois, como vemos em Morte e vida severina, existem os que tem, que são os latifundiários, e os que não tem, que é a maioria da população, cuja parte que lhe cabe do latifúndio, é uma pedaço de chão para ser enterrado.


Gente que sempre me olha
Como se, de tanto olhar,
Eu pudesse o milagre
De, um dia ainda por chegar,
Levar todos comigo,
Retirantes para o mar.


            Todavia, apesar de tanto sofrimento, nas três obras, o escritor mostra uma esperança, ainda mínima, de que a situação tratada, possa ser revertida, como vimos no trecho anterior, e como vemos nos seguintes:

E não há melhor resposta
Que o espetáculo da vida:
Vê-la desafiar seu fio,
Que também se chama vida,
Ver a fábrica que ela mesma,
Teimosamente, se fabrica,
Vê-la brotar como a pouco
Em nova vida explodida;
Mesmo quando é assim pequena
A explosão, como a ocorrida;
Mesmo quando é uma explosão
Como a de há pouco, franzina;
Mesmo quando é a explosão
De uma vida severina.
(Morte e vida severina, p.202)

Porque é muito mais espessa
A vida que se desdobra
Em mais vida,
Como uma fruta
É mais espessa
Que sua flor;
Como a árvore
É mais espessa
Que sua semente;
Como a flor
É mais espessa
Que sua árvore,
Etc. etc.

Espesso,
Porque é mais espessa
A vida que se luta
Cada dia,
O dia que se adquire
Cada dia
(como uma ave
Que vai cada segundo
Conquistando seu vôo).
(O cão sem plumas, p.116)

Outro elemento recorrente nas três obras é o rio Capibaribe, que corta a cidade do Recife.  O rio, na primeira obra é o guia de Severino, que sai da Paraíba para o Recife e se guia por esse rio. Porém, como ele está se mudando no verão, o rio seca. Então, temos aí um rio seco, símbolo de viagem cansativa, desnorteada e com muitas mortes pelo caminho, uma vez que água simboliza a vida.
Na segunda obra, o rio é comparado às pessoas daquela região, que, como dito anteriormente, são poluídas, negras, sem brilho. A história do rio se confunde com a história do povo e vice-versa.
Na terceira obra, o rio conta a história da população, que vive dentro dele e que faz parte dele.
Nos três percebemos que o rio possui um nome, que é Capibaribe, mas a população não tem identidade, não tem nome, não tem vez. O rio mescla-se às pessoas, faz parte de suas histórias e é elemento indispensável nas obras citadas.

Assim, podemos concluir que as obras aqui tratadas fazem crítica à miséria de uma população que nasce para morrer, mas que sempre tem a esperança de mudar seu destino. Notamos, assim, a genialidade deste escritor, João Cabral de Melo Nelo, que de uma realidade feia fez poesia.

Por: Maíra Vanessa Nunes

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Bilhete (Mário Quintana)

Hoje compartilho um poema que gosto muito, que é para mim uma antítese entre crer no amor e não crer em "para sempre". Digo isto, pois o eu-poético parece não acreditar nessas coisas, como em  "E viveram felizes para sempre", "Até que a morte os separe" e amores eternos entre enamorados. Nem em declarações de amor gritantes, serenatas etc. Embora, apesar de tudo, na minha humilde opinião, não tire a possibilidade (do eu-lírico) de viver um amor.
Será que crer no caráter finito dos sentimentos, principalmente do amor, é algo ruim?
E crer que durará pela eternidade é sempre ilusão?
Bom, o que ninguém pode negar é que depois de sofrer desilusões amorosas, o ato de amar novamente tem de ser "bem devagarinho".
E você, o que pensa sobre o poema?






Bilhete
(Mário Quintana)


Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Drama (Carlos Queiroz Telles)

Hoje eu gostaria de compartilhar um poema de Carlos Queiroz Telles que eu gostava muito quando criança. Constava em um livro de Língua Portuguesa que eu havia ganhado de alguém. Não me recordo o nome do livro e nem de quem o ganhei, mas sou perfeitamente capaz de recordar-me os sentimentos experimentados ao reler e reler este poema.

É um prazer compartilhá-lo.






Drama



Eu sei que ela é como eu.
Afinal, a gente se conhece
desde o dia em que nasceu.
Pai vizinho, mãe comadre,
mesma rua, mesma infância, 
mesma turma , mesma escola.


Eu sei que ela é como eu.
Brinquedos e jogos iguais,
passeios de bicicleta,
aventuras de quarteirão . 
Repartidas descobertas,
segredos a quatro mãos.


Eu sei que ela é como eu
E sei também, por saber 
de ideia e de coração,
que por mais que ela disfarce 
gosta de mim pra valer,
não só como irmã ou como amiga .
Então por que (eu pergunto)
faz de conta não querer
ser minha namorada?


Sendo assim tão como eu 
não é justo me trocar 
por um idiota grandão,
só porque eu não sou mais velho
do que a nossa emoção.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Há preciosidades que só olhos bem treinados podem perceber



Há preciosidades que só olhos bem treinados podem perceber
Há tesouros que só podem 
Ser encontrados, há quem diga que, ao acaso
Há quem diga que entregues pelo destino
E há aqueles que dizem ser obra das mãos do Criador
.
Sorte? 
Merecimento?
Era para ser!

Porque 
Nem todas as coisas podem ser compradas
Nem tudo pode ser roubado
Tirado, emprestado ou vendido
Há dádivas que só podem ser oferecidas 
Espontaneamente

Por isso
Não alugo
Não vendo
O que eu tenho de melhor 
Deve ser dado livremente
Para quem livremente tenha encontrado 
O melhor em mim.



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Às vezes o que quero





Às vezes, o que quero
É apenas um pouco de carinho, de afeto
De amor, de atenção.
Ser aceita como sou.
Compartilhar meu mundo
Sem ser julgada.
Mostrar-me frágil
Sem que pensem que sou fraca.
Dividir meus segredos mais ocultos
Aprender a confiar em alguém.

As circunstâncias ferem;
Todavia, a vida está aí
E pede para ser vivida.
O passado incomoda
Mas este, ficou para trás.
E só há uma solução:
Olhar para frente,
Acreditar no futuro,
Fazendo do hoje o melhor presente;
E ir além do que penso ser capaz.

Maíra Vanessa

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Angústia









Tantos dias movidos por desespero,

Não há para onde correr.

O mundo é um túnel negro,

Gélido, vazio, feio de se ver.




Não há cores,

Os aromas são desagradavelmente desconhecidos,

Os sabores amargos

E  tudo o que toco desagrada ao meu tato.




Tudo o que penso é contrário a ser feliz.

Tudo o que ouço são melodias melancólicas.

Tudo o que vejo: tristeza.

E já não tenho voz...




Não há rumo, nem luz.

Lágrimas vazias caem na escuridão,

Vozes clamam por socorro

E carrascos impiedosos dizem “Não”.





Já não há boa sorte...

Apenas trevas e temor.

O único caminho é a morte,

Exterminadora de todo sofrimento e dor.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Você saberá que é amada (Augusto Branco)





Você saberá que é amada
Quando ele te olhar com mais carinho do que desejo
Com mais ternura do que paixão

Você saberá que é amada
Quando ele pedir mil desculpas por ter chegado atrasado
E você perceber nos olhos dele
Que ele está com o coração na mão

Você saberá que é amada
Quando ele não medir esforços para te ver
Para te agradar
Nem para demonstrar de todas as formas
O quanto ele te adora e te quer bem

Você saberá que é amada
Quando mesmo que você sequer o esteja notando
Ele não pare de te rodear
Ansioso por te encher de mimos e carinhos

Você saberá que é amada, enfim,
Quando ele ligar para você quando você menos esperar
Nem que seja apenas para ouvir tua voz
E te desejar um lindo dia
E continue sempre a cantar
e a declarar os sentimentos dele por você
 

Mesmo que ele não ouça de você
Uma única palavra
E continue mostrando-se completamente apaixonado
Mesmo que ele saiba
que qualquer coisa que ele faça
Será totalmente em vão...

(Augusto Branco)