sexta-feira, 22 de outubro de 2021

MEDO


MEDO
CHEIA
      DE
DEDO
MEDO
PISA
    EM
OVOS
MEDO
    QUE
     DÁ
MAIS
MEDO
MEDO
      DÓ
     O Ó

Maira Vanessa

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

MENINA


Menina,
Tome as rédeas de sua vida.
Você quem decide
Quem entra e quem sai
Você quem decide
Quem tem importância ou não.

Menina, 
A opinião alheia não importa
O que importa é seu coração
Seus desejos, sua alma
É você quem paga suas contas
É você quem dita as regras

Onde te cabe, você fica
Onde não te cabe, não se aperta
Se aparta do que te faz mal
E transborda no que te faz bem

Sorria!
Você é mais bonita sorrindo
Dance!
Você é mais feliz dançando

Estude! 
Você é mais sábia aprendendo
Sonhe!
Você é aquilo que você pensa

Trabalhe!
Você é dona do mundo
Menina,
Você é quem faz o seu destino!

Tenha fé!

Maira Vanessa

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

ALGUÉM

"Se quando um certo alguém

Desperta o sentimento

É melhor não resistir

E se entregar"



Hoje acordei pensando em como queria estar com alguém. Não o alguém etéreo, o alguém ideia, o alguém platônico, mas o alguém real, tangível, palpável.

Eu gosto tanto de estar sozinha! Sempre gostei da minha companhia, de ouvir as músicas que gosto sem ter que pular a favorita porque alguém não gosta; de ver meus filmes preferidos, sem ter que escolher outros, porque os romances não são os preferidos de alguém; de ver minhas novelas favoritas, sem ter que escolher outro programa, só porque alguém não gosta de novelas; de ler meus livros quando quero, porque quando se está com alguém parece impossível passar para a página seguinte.

Eu gosto tanto de estar sozinha! De sair com minhas amigas, ou amigos, quando me é conveniente. De flertar com os caras que me são atraentes. De beijar os que valem a pena. De dizer sim quando quero e não quando me convém, não por lealdade, não por fidelidade, mas por vontade.

Eu gosto tanto de estar sozinha! De me planejar sozinha, de me sentir sozinha, de me ver sozinha. De ver um futuro só meu, que quem decide sou apenas eu, quem tem o controle e organiza e manda sou eu, simplesmente, sem ter que pedir a opinião de ninguém. 

Eu gosto tanto de estar sozinha! De gastar meu dinheiro como quero, sem ouvir bobagens de alguém: “Dior? Não tem creme mais barato? Outra roupa? As suas estão novas! Mais sapato? Os que têm não são o bastante? Pra que tantos óculos de sol?” “O dinheiro é meu. Gasto como quiser!”

Eu gosto tanto de estar sozinha...

Mas, quando o alguém é real, quebra nossas pernas. Minha própria companhia já não é o suficiente. Minhas músicas e filmes e novelas e livros... Será que são tão importantes? Minhas amigas, ou amigos, marcam de sair, mas... tenho algo (alguém) mais importante! Flertes, ficar, caras? Do que você está falando? Sou fiel por escolha! E passo a planejar, me organizar, a controlar a vida a partir de uma nova perspectiva, de uma nova opinião. Meu dinheiro? Continua sendo meu! Gasto para ficar mais bonita para alguém!

Hoje acordei pensando em como queria estar com alguém: aquele alguém real, tangível, palpável, que tem nome, endereço e smartphone.




terça-feira, 19 de outubro de 2021

ENDYMION - JOHN KEATS



        John Keats (1795 - 1821), um dos expoentes do Romantismo inglês,  trata, em suas poesias, temas como a natureza e a beleza. O trecho que escolhi apresentar hoje fala sobre ambos. 

        Extraído do poema Endymion, a parte destacada aborda sobre os percalços da vida, que são inevitáveis; contudo, o que é belo é suficiente para suavizar tais agruras, alimentar a alma e encher o coração. Essas belezas, referenciadas pelo poeta, encontram-se no que há de mais simples, acessível a todos e sem cobrar nada: na natureza. 

        Como menciona Keats, o que é belo é perene, tal qual este poema:


ENDYMION (trecho)

 

O que é belo há de ser eternamente

Uma alegria, e há de seguir presente.

Não morre; onde quer que a vida breve

Nos leve, há de nos dar um sono leve,

Cheio de sonhos e de calmo alento.

Assim, cabe tecer cada momento

Nessa grinalda que nos entretece

À terra, apesar da pouca messe

De nobres naturezas, das agruras,

Das nossas tristes aflições escuras,

Das duras dores. Sim, ainda que rara,

Alguma forma de beleza aclara

As névoas da alma. O sol e a lua estão

Luzindo e há sempre uma árvore onde vão

Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos

De uvas num mundo verde; riachos

Que refrescam, e o bálsamo da aragem

Que ameniza o calor; musgo, folhagem,

Campos, aromas, flores, grãos, sementes,

E a grandeza do fim que aos imponentes

Mortos pensamos recobrir de glória,

E os contos encantados na memória:

Fonte sem fim dessa imortal bebida

Que vem do céus e alenta a nossa vida.


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

domingo, 17 de outubro de 2021

MONTANHA-RUSSA


Entre temeroso
Suba devagar
Desça em adrenalina
Explore minhas emoções
E minhas zonas erógenas
Não se afobe
Deixe-me te conquistar
Abra-se às novas sensações
Não escute o que eu disse
Apenas ouça meus gemidos
Aproveite a estadia
É curta
Contemple a paisagem
Você nunca viu nada igual
E, quando terminar,
Pegue um novo bilhete
Vá para o fim da fila
E viva, em mim,
Nova expectativa. 

Maira Vanessa

sábado, 16 de outubro de 2021

VÍCIO


Não falo
Não estudo
Não trabalho
Não assisto
Não ouço
Não como
Não durmo
Não escuto
Não descanso
Não discuto
Não saio
Não fico
Não discurso
Não vejo
Não quero
Não sinto
Não faço
Não reflito
Só penso
Nele... Ah! ...

Maira Vanessa

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

NÃO SE ENGANE

 

Não se engane
Não se assuste
Eu não sei ser diferente
Eu roubei, matei
Fui roubada e assassinada
Seis vezes me mataram
E não sei se vivo
Escuto a canção do vento
O tempo voa
O tempo parece não passar
Lá fora a tempestade
Grita o que há em mim
Estou morta?
Estou viva?
Não se assuste
Se é tão importante
Que me queime
Que me vele
Que me assassine
Apenas descubra
Se é possível
Me matar mais uma vez
Contudo não se assuste
Pois posso estar dormindo
E você ser a parte mais 
Bela
Do meu pesadelo

Maira Vanessa

sábado, 25 de setembro de 2021

POEMA DE GUARDANAPO


No papel, Inverno
No coração, Verão
Floresce o querer
Mesmo fora da estação.

Pensamento voa longe
Esquecendo solidão
Quer a alma encontrar
Quem "tá" perto da estação.

Pode isso, seu moço?
Responda "sim" ou "não"!
Que amor se plante de vez
Perto e longe da estação.


Maíra Vanessa

sábado, 27 de maio de 2017

RESENHA DE “50 TONS DO SR. DARCY” (SPOILER)



Quem ainda não ousou a pelo menos assistir Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice) e 50 Tons de Cinza (Fifty Shades of Grey)? O primeiro, um clássico de Jane Austen, da Literatura Inglesa, tão estudado, lido e relido, passado de mãe para filha, de geração em geração, e que é um dos livros que eu, particularmente, mais gosto. O segundo, de Erika L. James, também britânica, uma explosão entre as jovens contemporâneas, que sonham com um príncipe moderno e convenientemente rico, capaz de promover a descoberta de sua sexualidade em seus níveis mais profanos.

Contando a história da orgulhosa Elizabeth Bennet, no final do século XVIII, quando mocinhas deviam bordar, desenhar, pintar, dançar, aprender línguas modernas, dentre outras prendas, Orgulho e Preconceito retrata a vida campestre de Elizabeth Bennet, uma jovem que tem ideias próprias, opiniões formadas e, por isso mesmo, é a queridinha do papai, aquela, que pode até mesmo recusar um bom casamento. O pai, todavia, sabe que a segunda filha jamais se entregará a um homem que não a mereça, nem mesmo por 10 mil libras anuais. E o Sr. Bennet realmente acredita que não há na face da Terra homem capaz de merecer sua querida Lizzy. Então, entra na vida da moça o ricaço, lindo, porém prepotente, Sr. Darcy, que, ao longo da história provará a Elizabeth que não se pode julgar aos outros sem antes conhecer.

Resuminho bem resumido de uma história cheia de intrigas, ironias e cartas, e muito mais interessante do que esta pobre beletrista faz parecer, passemos aos 50 Tons de Cinza. Eu não tive a oportunidade de ler o romance contemporâneo, mas, como moça interessada que sou, assisti, ainda que relutante, já que eu não sou dada a modismos e a literatura ruim (eu exercitando meu lado Elizabeth Bennet com meus pré-julgamentos), ao filme, que, aliás, veio a agradar-me bastante. Aquele ar de suspense, o contraste entre Anastasia Steele, moça virgem, que apaixona-se por um dominador, além do clima de mistério e romance, são bastante interessantes.

Mas, tenho que ser sincera: não foram as partes eróticas que mais me agradaram, apesar de a maioria das mocinhas preferirem-nas; o que mais me animou foi sim o enredo, cheio de dramas e suspenses, no qual senti-me mergulhar e querer incessantemente conhecer os mistérios do jovem bilionário, e não obstante lindo, com um tanquinho invejável, Christian Grey. Aliás, o ator Jamie Dornan virou meu preferido, depois de Chris Evans (O Capitão América) e Zac Afron (Um Homem de Sorte), todos ridiculamente maravilhosos.

Mas, deixemos de delongas e vamos direto ao que interessa: a paródia grotesca, nada intrigante e desmotivante “50 Tons do Sr. Darcy” da autora pseudônima Emma Thomas. O livro, que não ouso chamar de obra, tenta verter aos personagens de Jane Austen as características morais dos de 50 Tons de Cinza, tudo claro, repleto de caricaturas, do contrário não seria uma paródia.

É claro que misturar um clássico com um drama erótico contemporâneo só poderia dar em uma coisa: merda! Desculpem-me o palavreado, mas não tenho outra descrição para dar, e qualquer verbete que eu tente usar para substituí-lo, culminará em um sinônimo igualmente inapropriado (tal como bosta).

O Sr. Darcy, com traços de Christian Grey, é um pseudo-pervertido sexual, iniciado nas artes do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo) pela Lady Catherine, na tradução tratada pelo sobrenome “De Bruços”, que faz as vezes de Elena Lincoln. Ela sim é uma sádica sexual, que está sempre a caráter e pronta para dar vazão às perversões sexuais. Seus servos vestem-se igualmente a caráter, de “CUECÃO DE COURO, MANO”! As partes em que a megera aparecem são realmente de perversão, embora nada eróticos, mas muito vulgares.

Aliás, se você procura erotismo, não leia 50 Tons do Sr. Darcy.

A mãe de Elizabeth é a outra pervertida da história. Abro um adendo para explicar que no livro Elizabeth não tem pai, mas padrasto, e, não se sabe por que bulhufas, as meninas herdam o sobrenome dele, Bennet. Será que todos os maridos da Sra. Bennet eram “Bennets”, tal como as mulheres da bíblia, no antigo testamento, que quando perdiam os maridos tinham que casar-se com parentes próximos até terem um herdeiro (do sexo masculino)? Não creio que a autora tenha querido passar esta impressão. Aliás, penso que ela não tenha querido passar impressão alguma!

Mas, voltando à Senhora Bennet, o desejo dela é que as filhas tenham o maior número de relações sexuais possíveis, que estejam sempre prontas a deixarem-se ser bolinadas pelos cavalheiros interessados.

Jane é Jane, Mary é uma mocinha que tem relações com seu professor de piano e acaba por engravidar, Kitty quase não aparece e Lydia continua sendo a desonra da família, mas, desta vez, por tornar-se uma estagiária, com pretensões profissionais assalariadas, com certa propensão à mudança de sexo.

Elizabeth Bennet, tal como a maioria das mocinhas, tem o dever de salvar o anti-herói, neste caso Sr. Darcy, e é totalmente passiva, diferente da personagem de Jane Austen, mas bem estereotipada como Anastasia Steele, só que sem tanta insegurança. E, em função disso, aceita ser escrava sexual do Sr. Darcy. Todavia, não há em nenhum momento relações sexuais entre ambos, tanto que o que a moça mais anseia durante todo o livro é ter um orgasmo, o ela consegue no fim da história, não sendo nada erótico. E, consegue, obviamente, salvar o amado. As cenas de espancamento entre Elizabeth e Darcy nunca a fazem sentir nem dor, nem medo, pelo contrário, trazem a ela a ânsia de sentir alguma coisa, afinal, apanhar com um jornal não dá. Essas partes são até engraçadinhas, mas apenas isso.

O livro é ruim, maçante, cheio de anacronismos propositais, piadas ruins, enfim, uma perda de tempo para quem gostou de ambas as obras parodiadas. Poderia ter sido melhor escrito, ter tido piadas de melhor gosto. O personagem do Sr. Bingley, tratado por Sr. Bingulin, fora simplesmente deplorável, um surfista simplório, nada meigo e sem graça.

Todavia, há uma tentativa de crítica de ambas as obras dentro da paródia, mostrando alguns excessos de 50 Tons de Cinza, tal como, o estereótipo de mocinha (bela, recatada e do lar) e de mocinho (o olhar 43 do Sr. Darcy), o culto ao corpo perfeito (o tanquinho do Sr. Darcy); e caricaturando certos aspectos de Orgulho e Preconceito, como as cartas, as distâncias etc; contudo, tudo feito de modo muito superficial, a não ser o olhar de Sr. Darcy, que sempre está em evidência.

 O que eu achei um pouquinho convincente é que no livro 50 Tons de Cinza, há um trocadilho entre Grey, que é o sobrenome do anti-mocinho e da cor cinza. Já na paródia, o trocadilho está na palavra Shades (Fifty Shades of Mr. Darcy), que pode significar tanto “tons”, quanto “abajures”. No fim da paródia, o Sr. Darcy revela-se não com uma personalidade tão profunda, aliás, é bem superficial, mas como sendo um colecionador inveterado de abajures.

Enfim, por R$10,00 eu o comprei e foram os R$10,00 mais mal gastos de minha vida. Poderia ter comprado uma ampola que Pantene 3 minutos milagrosos, que meu cabelo estaria mais sedoso, e ainda sobraria troco.

De 5 estrelas, dou 1 e ½ a esse livro.

Podem me chamar de mal humorada, eu aguento!

(Maíra Vanessa)