John Keats (1795 - 1821), um dos expoentes do Romantismo inglês, trata, em suas poesias, temas como a natureza e a beleza. O trecho que escolhi apresentar hoje fala sobre ambos.
Extraído do poema Endymion, a parte destacada aborda sobre os percalços da vida, que são inevitáveis; contudo, o que é belo é suficiente para suavizar tais agruras, alimentar a alma e encher o coração. Essas belezas, referenciadas pelo poeta, encontram-se no que há de mais simples, acessível a todos e sem cobrar nada: na natureza.
Como menciona Keats, o que é belo é perene, tal qual este poema:
O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida
breve
Nos leve, há de nos dar um sono
leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.
Assim, cabe tecer cada momento
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe
De nobres naturezas, das agruras,
Das nossas tristes aflições
escuras,
Das duras dores. Sim, ainda que
rara,
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua
estão
Luzindo e há sempre uma árvore
onde vão
Sombrear-se as ovelhas; cravos,
cachos
De uvas num mundo verde; riachos
Que refrescam, e o bálsamo da
aragem
Que ameniza o calor; musgo,
folhagem,
Campos, aromas, flores, grãos,
sementes,
E a grandeza do fim que aos
imponentes
Mortos pensamos recobrir de
glória,
E os contos encantados na memória:
Fonte sem fim dessa imortal bebida
Que vem do céus e alenta a nossa
vida.
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