quarta-feira, 27 de outubro de 2021

LOBA


Cercam-me feito felinos

Mas finjo que não os vejo

Eu finjo que não os ouço

Não despertam em mim desejo

 

Protejo-me prontamente de seus ataques

Heróis ou vilões? Demônios ou santos?

Não os quero conhecer tão cedo

Não provarei  jamais seus encantos

 

Pois dentro em mim habita uma loba

Não sou morada de uma gata qualquer

Não escalo muros, paredes, telhados

Não me dou fácil para quem me quiser

 

Noturna, meu canto é para a lua

Cultivo intensamente a solidão

Finjo que durmo, faço-me de morta

Fujo, jamais imploro por perdão

 

Eles não sabem lidar com minha liberdade

Eles brigam entre si e disputam atenção

Mas quem pode com a loba selvagem?

Quem ousará domar seu coração?

 

Vago solitária por caminhos conhecidos

Minha companheira é a sabedoria e só

Rasgo os inimigos aventureiros nas estradas

Jamais terei deles piedade, pena, um mínimo dó.

 

Cercam-me como perniciosos felinos

Deles rio, troço, farto de gargalhar

Querer vencer uma loba selvagem?

Pago para ver quem me domesticará!


Maíra Vanessa


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