Fico me perguntando
Se eu sei o que é o amor
Porque muito certamente
Tenho amado constantemente
A ideia de amar
Não a pessoa
A pessoa não importa
Não importa o momento
Qualquer um pode ser objeto
Dos meus afetos, dos meus sonhos
Do meu mais profundo sofrimento
Fico me perguntando
Se algum dia amarei alguém de verdade
Se haverá no meu coração
Um cantinho aconchegante e acolhedor
Para alguém que verei
Com os olhos verdadeiros do amor
Porque o amor que ora sinto
É raso e obscuro
Só vê ilusões criadas por uma falsa ideia
Do que seja amar
Mas então creio que verei o amor
Em águas límpidas e profundas
Verdadeiras e sinceras
Nos braços de quem é real
Tangível honesto e concreto
Será medo de amar de verdade?
Será avidez em manter o afeto?
Será que eu finjo amar
Chegando a fingir que sofro?
Meu amor é como uma enxaqueca
Que com umas três dipironas passa
Mas na semana que vem
Posso me preparar
Que outra enxaqueca vem
Talvez me falte um pouco de autoestima
Talvez me falte coragem
Talvez me falte um grande amor
Talvez me falte ser amada
Com intensidade
Com verdade
Com pureza
Por alguém que seja
Verdadeiramente
Capaz de transbordar