quarta-feira, 27 de outubro de 2021

LOBA


Cercam-me feito felinos

Mas finjo que não os vejo

Eu finjo que não os ouço

Não despertam em mim desejo

 

Protejo-me prontamente de seus ataques

Heróis ou vilões? Demônios ou santos?

Não os quero conhecer tão cedo

Não provarei  jamais seus encantos

 

Pois dentro em mim habita uma loba

Não sou morada de uma gata qualquer

Não escalo muros, paredes, telhados

Não me dou fácil para quem me quiser

 

Noturna, meu canto é para a lua

Cultivo intensamente a solidão

Finjo que durmo, faço-me de morta

Fujo, jamais imploro por perdão

 

Eles não sabem lidar com minha liberdade

Eles brigam entre si e disputam atenção

Mas quem pode com a loba selvagem?

Quem ousará domar seu coração?

 

Vago solitária por caminhos conhecidos

Minha companheira é a sabedoria e só

Rasgo os inimigos aventureiros nas estradas

Jamais terei deles piedade, pena, um mínimo dó.

 

Cercam-me como perniciosos felinos

Deles rio, troço, farto de gargalhar

Querer vencer uma loba selvagem?

Pago para ver quem me domesticará!


Maíra Vanessa


terça-feira, 26 de outubro de 2021

Uma paixão recolhida, uma Carta e Oswaldo Montenegro no Programa do Jô


Encontrei a seguinte mensagem/carta/reflexão - que eu mandaria ou mandei para alguém - em meio aos meus escritos. 

É interessante a gente revisitar nossa história e ler nossos sentimentos com olhar de expectador.

O texto é de 2011. São exatos 10 anos! E como eu mudei! E como tudo mudou!

No fim, fica uma pergunta: o que resta em mim da garota de 10 anos atrás?

O que resta em você do que você foi um dia? Revisite suas histórias!

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DE 2011

Antes de ontem eu fui à missa e na comunhão cantaram a música que você sempre pede para cantarmos:  A Barca. 

Ontem, tive uma surpresa ao ver você tocando na missa, não porque você estava tocando, mas porque cada nota, cada acorde que você tocava, tocavam minha alma como eu nunca havia sido tocada. 

E hoje, durante a madrugada, eu lutava comigo mesma para dormir e não conseguia. Então, ao invés de ir para o PC, liguei a TV (1:26) e estava passando o Programa do Jô. E quem estava sendo entrevistado? Oswaldo Montenegro, que você tanto ama. E ele cantou, magnificamente, uma música que eu nunca havia escutado: A Lista. 

E o que me chamou mais a atenção foi o seguinte verso:  “Quantos amigos você jogou fora?”

Eu havia tomado a decisão de me afastar de você, por muitos motivos, mas, principalmente, por sábado. É difícil fazer isso quando a gente é bem próxima de uma pessoa e conhece gostos e desgostos, porque, querendo ou não, uma música, uma cena ou uma circunstância nos faz lembrar da pessoa. 

E foi isso o que aconteceu nos últimos dias: uma porção de coincidências imbecis, mas que me fizeram ver que um dia não pode mudar uma história. 

Bem... O que quero dizer é que você pode não se importar, e eu sei que para você tanto faz, mas eu me importo. 

E posso ser imatura, impulsiva e algumas vezes até mal educada, fazendo coisas ou dizendo coisas e não medindo as consequências... Infelizmente, eu não sou perfeita e não sei fingir que estou bem quando não estou, eu não sei ignorar grosserias (e você foi até um pouco estúpido comigo) e eu não sei levar desaforo para casa. 

Mas, eu sei reconhecer quando erro. Talvez esse tanto de palavras não façam sentido para você... não signifiquem nada. Eu sei que isso tudo não significa nada para você. Mas, significa para mim. Talvez você me ache uma boba. Pode me achar. Eu estou me sentindo assim.  Mas, eu vivo num mundo paralelo onde poucas pessoas conseguem me encontrar. 

Tem momentos que eu acho que você está me encontrando,  afinal, “somos tão iguais”. Mas, de algum modo, parece que você anda vendo apenas o pior em mim. “A culpa é toda sua e nunca foi”.  Se nada fizer sentido, tudo bem. O importante aqui é que quero dizer que, mesmo você não se importando, eu me importo com você. E, por enquanto, isso basta!


Maira Vanessa



*"A Lista" está aos 20 minutos de vídeo.



segunda-feira, 25 de outubro de 2021

TRILHAS: 5 MÚSICAS FAVORITAS DE NOVELAS (ANOS 1970 e 1980)

 Olá, leitores!


Hoje resolvi trazer algo diferente para o blog: música e novela!
Não é novidade que eu gosto bastante de novelas. Parte da minha cultura musical é proveniente de boas trilhas, de quando as novelas também eram ótimas. 
Não me recordo qual foi a última novela que assisti "ao vivo". Creio ter sido alguma bíblica da Record. 
Contudo, amo as novelas mais antigas, aquelas até o final dos anos 2000.
Por isso, neste post inaugural de Trilhas, vou elencar 5 músicas favoritas minhas, de novelas que assisti, das décadas de 1970-1980. 


ESCRAVA ISAURA (1976) - Prisioneira

Apesar de não ter assistido na íntegra esta novela, já que há apenas partes disponíveis  na internet, ainda assim dá para ver a história da escrava branca, seus percalços, história de amor e busca pela liberdade e, claro, aproveitar a trilha sonora. 
Desta novela, a música que escolhi foi Prisioneira de Elizeth Cardoso, tema de Isaura, interpretada por Lucélia Santos, e que é um verdadeiro poema, um hino à dor de cotovelo.




ÁGUA VIVA (1980) - 20 e poucos anos

A música que mais gosto da trilha de Água Viva é 20 e poucos anos, do cantor Fábio Júnior, sendo esta tema do próprio, que interpretou o personagem Marcos, fazendo par romântico com Lucélia Santos, cuja personagem era Janete.
Quem não tem saudade da pouca sabedoria dos 20 e poucos anos? Eu tenho!




RODA DE FOGO (1986) - Segredo

Aqui, uma novela que estou assistindo, mas cuja trilha já me capturou completamente, desde a abertura. Contudo, a que mais amo até o momento é Segredo de Djavan, que, como todas as músicas do cantor, é repleta de poesia e sentimento. 
A canção é tema de Telma (Joana Fomm).
"Se o amor é breve, deixa nascer pra ver".




SINHÁ MOÇA (1986) - Depois da Primeira Vez

Que novela maravilhosa essa, não? Eu a assistiria quantas vezes passassem. Amo demais. E, desta novela, a música que mais amo e amo bastante, é Depois da Primeira Vez de Toninho Negreiro, tema de Juliana (Luciana Braga), apaixonada por Rafael (Raymundo de Souza).
Essa música me traz um sentimento nostálgico, aquela dorzinha confortável.




VALE TUDO (1988) - Faz Parte do Meu Show

Quem não ama Cazuza, né? Esta é uma das músicas que mais amo do cantor e, olha que curiosidade, foi a música mais tocada no ano em que eu nasci, 1988, ano de estreia de Vale Tudo. 
Será que tem algo a ver eu gostar tanto de Cazuza? 
Faz Parte do Meu Show foi tema dos personagens Afonso (Cássio Gabus Mendes) e Solange (Lídia Brondi). Quem não torceu para que ficassem juntos? Eu torci! 




Você viu essas novelas? O que achou das trilhas? Temos alguma favorita em comum? Deixe seu comentário.

 Maira Vanessa

domingo, 24 de outubro de 2021

A INÊS - LORD BYRON


Hoje, compartilho um poema de Lord Byron (1788-1824), poeta gótico inglês que foi inspiração para sua geração, bem como para um dos meus prediletos, Álvares de Azevedo. 

Aqui um dos poemas que mais gosto, cujos últimos versos, tão impactantes, falam muito sobre o amor e sobre a vida.


A Inês

Não me sorrias à sombria fronte,
Ai! sorrir eu não posso novamente:
Que o céu afaste o que tu chorarias
E em vão talvez chorasses, tão somente.

E perguntas que dor trago secreta,
A roer minha alegria e juventude?
E em vão procuras conhecer-me a angústia
Que nem tu tornarias menos rude?

Não é o amor, não é nem mesmo o ódio,
Nem de baixa ambição honras perdidas,
Que me fazem opor-me ao meu estado
E evadir-me das coisas mais queridas.

De tudo o que eu encontro, escuto, ou vejo,
É esse tédio que deriva, e quanto!
Não, a Beleza não me dá prazer,
Teus olhos para mim mal têm encanto.

Esta tristeza imóvel e sem fim
É a do judeu errante e fabuloso
Que não verá além da sepultura
E em vida não terá nenhum repouso.

Que exilado – de si pode fugir?
Mesmo nas zonas mais e mais distantes,
Sempre me caça a praga da existência,
O Pensamento, que é um demônio, antes.

Mas os outros parecem transportar-se
De prazer e, o que eu deixo, apreciar;
Possam sempre sonhar com esses arroubos
E como acordo nunca despertar!

Por muitos climas o meu fado é ir-me,
Ir-se com um recordar amaldiçoado;
Meu consolo é saber que ocorra embora
O que ocorrer, o pior já me foi dado.

Qual foi esse pior? Não me perguntes,
Não pesquises por que é que consterno!
Sorri! não sofras risco em desvendar
O coração de um homem: dentro é o Inferno.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

MEDO


MEDO
CHEIA
      DE
DEDO
MEDO
PISA
    EM
OVOS
MEDO
    QUE
     DÁ
MAIS
MEDO
MEDO
      DÓ
     O Ó

Maira Vanessa

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

MENINA


Menina,
Tome as rédeas de sua vida.
Você quem decide
Quem entra e quem sai
Você quem decide
Quem tem importância ou não.

Menina, 
A opinião alheia não importa
O que importa é seu coração
Seus desejos, sua alma
É você quem paga suas contas
É você quem dita as regras

Onde te cabe, você fica
Onde não te cabe, não se aperta
Se aparta do que te faz mal
E transborda no que te faz bem

Sorria!
Você é mais bonita sorrindo
Dance!
Você é mais feliz dançando

Estude! 
Você é mais sábia aprendendo
Sonhe!
Você é aquilo que você pensa

Trabalhe!
Você é dona do mundo
Menina,
Você é quem faz o seu destino!

Tenha fé!

Maira Vanessa

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

ALGUÉM

"Se quando um certo alguém

Desperta o sentimento

É melhor não resistir

E se entregar"



Hoje acordei pensando em como queria estar com alguém. Não o alguém etéreo, o alguém ideia, o alguém platônico, mas o alguém real, tangível, palpável.

Eu gosto tanto de estar sozinha! Sempre gostei da minha companhia, de ouvir as músicas que gosto sem ter que pular a favorita porque alguém não gosta; de ver meus filmes preferidos, sem ter que escolher outros, porque os romances não são os preferidos de alguém; de ver minhas novelas favoritas, sem ter que escolher outro programa, só porque alguém não gosta de novelas; de ler meus livros quando quero, porque quando se está com alguém parece impossível passar para a página seguinte.

Eu gosto tanto de estar sozinha! De sair com minhas amigas, ou amigos, quando me é conveniente. De flertar com os caras que me são atraentes. De beijar os que valem a pena. De dizer sim quando quero e não quando me convém, não por lealdade, não por fidelidade, mas por vontade.

Eu gosto tanto de estar sozinha! De me planejar sozinha, de me sentir sozinha, de me ver sozinha. De ver um futuro só meu, que quem decide sou apenas eu, quem tem o controle e organiza e manda sou eu, simplesmente, sem ter que pedir a opinião de ninguém. 

Eu gosto tanto de estar sozinha! De gastar meu dinheiro como quero, sem ouvir bobagens de alguém: “Dior? Não tem creme mais barato? Outra roupa? As suas estão novas! Mais sapato? Os que têm não são o bastante? Pra que tantos óculos de sol?” “O dinheiro é meu. Gasto como quiser!”

Eu gosto tanto de estar sozinha...

Mas, quando o alguém é real, quebra nossas pernas. Minha própria companhia já não é o suficiente. Minhas músicas e filmes e novelas e livros... Será que são tão importantes? Minhas amigas, ou amigos, marcam de sair, mas... tenho algo (alguém) mais importante! Flertes, ficar, caras? Do que você está falando? Sou fiel por escolha! E passo a planejar, me organizar, a controlar a vida a partir de uma nova perspectiva, de uma nova opinião. Meu dinheiro? Continua sendo meu! Gasto para ficar mais bonita para alguém!

Hoje acordei pensando em como queria estar com alguém: aquele alguém real, tangível, palpável, que tem nome, endereço e smartphone.




terça-feira, 19 de outubro de 2021

ENDYMION - JOHN KEATS



        John Keats (1795 - 1821), um dos expoentes do Romantismo inglês,  trata, em suas poesias, temas como a natureza e a beleza. O trecho que escolhi apresentar hoje fala sobre ambos. 

        Extraído do poema Endymion, a parte destacada aborda sobre os percalços da vida, que são inevitáveis; contudo, o que é belo é suficiente para suavizar tais agruras, alimentar a alma e encher o coração. Essas belezas, referenciadas pelo poeta, encontram-se no que há de mais simples, acessível a todos e sem cobrar nada: na natureza. 

        Como menciona Keats, o que é belo é perene, tal qual este poema:


ENDYMION (trecho)

 

O que é belo há de ser eternamente

Uma alegria, e há de seguir presente.

Não morre; onde quer que a vida breve

Nos leve, há de nos dar um sono leve,

Cheio de sonhos e de calmo alento.

Assim, cabe tecer cada momento

Nessa grinalda que nos entretece

À terra, apesar da pouca messe

De nobres naturezas, das agruras,

Das nossas tristes aflições escuras,

Das duras dores. Sim, ainda que rara,

Alguma forma de beleza aclara

As névoas da alma. O sol e a lua estão

Luzindo e há sempre uma árvore onde vão

Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos

De uvas num mundo verde; riachos

Que refrescam, e o bálsamo da aragem

Que ameniza o calor; musgo, folhagem,

Campos, aromas, flores, grãos, sementes,

E a grandeza do fim que aos imponentes

Mortos pensamos recobrir de glória,

E os contos encantados na memória:

Fonte sem fim dessa imortal bebida

Que vem do céus e alenta a nossa vida.


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

domingo, 17 de outubro de 2021

MONTANHA-RUSSA


Entre temeroso
Suba devagar
Desça em adrenalina
Explore minhas emoções
E minhas zonas erógenas
Não se afobe
Deixe-me te conquistar
Abra-se às novas sensações
Não escute o que eu disse
Apenas ouça meus gemidos
Aproveite a estadia
É curta
Contemple a paisagem
Você nunca viu nada igual
E, quando terminar,
Pegue um novo bilhete
Vá para o fim da fila
E viva, em mim,
Nova expectativa. 

Maira Vanessa